sábado, 19 de junho de 2010

Aos leitores:

Decido hoje encerrar, temporariamente, a minha escrita deste blog, com o texto no post seguinte. Agradeço a todosos 3 ou 4 leitores que me acompanharam durante esses anos, comentaram, citaram ou simplesmente se identificaram com as coisas que disse por aqui.
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A minha decisão deriva não somente de impedimentos técnicos possíveis a curto prazo, mas também de uma indisposição geral de continuar a falar. Por assim dizer, entro agora em uma fase de silêncio, ausência e reclusão.
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Para os visitantes que quiserem, talvez, entrar em contato comigo, tenham o meu msn, no qual eventualmente estarei presente: fabiosfortes@hotmail.com. Não tenho orkut, twitter ou qualquer outro canal, além deste blog.
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O meu exílio interrompe o projeto de escrever um texto a cada mês, a interrupção desse projeto é simbólica para outros tipos de interrupções também. Como esta, temporárias. Assim creio, ou melhor, tenho esperança.
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No mais, encerro com uma última epígrafe, que, por ser melhor muitas vezes do que o que sigo dizendo e repetindo, desta vez, diferente de todos os textos, vai no final:
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"O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem".
João Guimarães Rosa.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Elegia

One more song for us.
***
De novo inquieta, num turbilhão,
Asa de vento: Amor
Me desalinha, fera implacável.
Safo (VII a.C.)



Falavas de modo doce e suave –
Palavras sem certeza, que se diz ao entardecer:
Ou então o silêncio, que tudo diz.
Ou então o sorriso, que nada diz.
Sorriso sem tristeza, que se realiza sem esperar:
Sorrias de modo terno e gentil –

Ao entardecer, e sem esperar –
Também o abraço que me enlaçava:
Até menos o corpo, do que o coração.
Na aurora dos dias, onde tudo era primeiro.

Nos dias longínquos, longos dias –
Sentia mais o coração, sentia forte a alma:
Sem nada dizer, rendia-me
Sem perceber, perdia-te
Nos abraços e no cuidado, sem esperar:
Sorrias de modo terno e gentil –

No ocaso destes dias, onde tudo é antigo
Já não sou livre no modo como falas
A não mais observar o teu sorriso:
Sem esperar, e ao entardecer –

Melancólico e triste –
O amor é também um canto solitário
Que nada sabe dizer, senão confiar
Que nada sabe fazer, senão esperar
Como agora: indefinidamente perdido
Indefinidamente rendido.