terça-feira, 8 de abril de 2008

Um recado da esperança



"Bom dia ao sol!"
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Pensou aquele homem, "todos deviam dar bom dia ao sol, em primeiro lugar, por um dia tão bonito como esse". Diferente da manhã anterior, aquela manhã cinzenta, a chuva fininha, molhando a barra da calça, deixando as pessoas tristes e melancólicas. Tudo fica mais cinza em dias de chuva.
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Podemos dizer que também ensolarado estava o pensamento daquele homem que caminhava solitário, na rua movimentada da cidade, observando o tempo e o dia, sorrindo para si, satisfeito com a vida.
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Quem é esse homem? - me pergunto. E, como aquelas coisas que vêm à nossa mente sem autoria, tenho a resposta disso. Esse homem pode ser qualquer um de nós. Apesar do mecanismo incessante do cotidiano (que brutaliza as criaturas), esse homem pode ser eu mesmo, ou você, se encontramos nas coisas mais comuns e triviais à nossa volta, pequenas oportunidades de ser feliz.
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A sabedoria popular sempre diz que nossas aflições presentes podem ser sempre vistas como o resultado mais ou menos direto de nossas ações pretéritas. É a história do "quem planta colhe", como se a lei de ação e reação da matéria fosse válida também para nossas ações no mundo. A cada atitude minha, uma reação para mim mesmo. Assim, o homem é, num grande número de casos, o artífice silencioso dos próprios infortúnios, do que deriva a constatação de que nosso presente é sempre reflexo de escolhas pretéritas.

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Entretanto, remoer o passado e suas dores não parece ser atitude sensata. Afinal, e quanto ao futuro? Por isso, cultivar o sofrimento é estacionar em meio à viagem; é desenvolver a culpa dolorosa que paralisa e não nos impulsiona a seguir. A meu ver, a dor só é positiva se entendida como instrumento (transitório!) para o nosso progresso, para o nosso aprendizado.
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“Deus é Pai!”, disse Jesus Cristo que, não interessa a religião, pode ser visto como um grande exemplo para toda a Humanidade. É pai, não um carrasco que se compraz com o sofrimento das criaturas: vivemos para ser felizes, reunindo as condições necessárias para o nosso amadurecimento, com (e apesar de) nossas imperfeições. Certa vez, Jesus ainda teria dito aos discípulos: “Na verdade eu vos digo, fareis as obras que eu faço e muito mais!” (Jo 14:12) A aposta do Mestre era na capacidade humana de superação, na perfectibilidade do ser humano, na sua destinação espiritual, não no seu sofrimento ou fracasso.
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Assim, por mais que nos consideremos afastados daquele estado de espírito que nos permite reunir em nós a paz interior, a consciência tranquila e a satisfação do dever cumprido, resta-nos sempre a esperança de um dia alcançarmos, com nossos esforços, a felicidade que nos é merecida.
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Enquanto isso, lembremos do aconselhamento de Emmanuel, em Sinal Verde: “quando o céu estiver em cinza, a derramar-se em chuva, medite na colheita farta que chegará do campo e na beleza das flores que surgirão no jardim”.
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É preciso observar o outro lado de tudo e, então, sairmos, como aquele homem, na manhã ensolarada do outro dia depois da chuva, observando a beleza da vida e agradecendo a Deus o privilégio de existir.