sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Wilkommen in Berlin!

"Banho de chuva é bom", isto é, "de vez em quando", o Jonas me dizia. Até mesmo me recordo de, contra a vontade, sentir a chuva caindo sobre mim, numa tarde nublada de Minas, uma tarde daquelas comuns, de alguns anos atrás.

Se eu dissesse que é bom, não seria verdade. O único lado bom do banho de chuva é tirar as meias molhadas e pisar o chão seco, ou envolvê-los com aquela toalha felpuda com cheiro de mãe.

Há pouco a chuva caía aqui em Berlim. Bem, é preciso dizer que, depois de 15 horas de viagem aérea, algumas filas e carimbos no passaporte, finalmente estava, pela primeira vez, fora do Brasil.

Mas meu primeiro contato com Berlim foi assim: chuvoso. Um motorista nigeriano que sonhava trazer sua família, me dizia ser possível viver "em inglês" na capital da Alemanha. Sempre me intriguei com isso: Germania, em latim, é Germany. Mas qual é a origem de 'Alemanha'? e de 'Deutschland'?

A chuva nublada, o céu em gotas tênues, iluminado por riscos no céu, e reflexos nas paredes de vidro dos prédios imensos. Essa é a Paulista da Alemanha! Pessoas elegantemente vestidas conversavam baixinho, dois amigos liam juntos um mapa da cidade, vindos de não sei onde, talvez contando os últimos euros que a sua juventude lhes permite no bolso. Mas o fato mais interessante da tarde não foi nem a praça gigantesca, coberta por uma tenda de vidro, onde centenas de pessoas de partes variadas do mundo confraternizavam. O fato mais interessante foi tomar como exemplo aquela menina que saltava no pula-pula no centro da praça. Os olhos ainda não se tornaram opacos diante da novidade do mundo. Os pais assistiam, insistiam que ela pulasse como um pássaro, olhos claros, olhos alemães.

Exemplo de que, afinal, mau grado a distância que atravessa o Atlântico e me leva à minha casinha no Sertão, a verdade das horas é sempre a mesma. A impressão que fica do primeiro passeio, é que, na essência, é tudo igual. Os pais levam os filhos para contruir um castelo de Lego na Legolândia, e nele legitimam a fantasia desse período da infância. Outros dão à menina a faculdade de voar, saltando de um pula-pula presa por um elástico. Alguns jovens caminham juntos, riem, bebem cerveja (como não poderia deixar de ser), outros vibram pelo resultado de campeonato de atlestismo na tela imensa do bar.

Vejo que estou em Berlim pela televisão que me mostra o seriado americano em alemão. Depois de um tempo, até parece que estou entendendo. Assim, sinto uma alegria grande, apesar da chuva e apesar de não trazer comigo quem queria. Vêm a propósito as palavras do pai dos poetas alemão, Goethe: "a alegria, afinal, não está nas coisas, está em nós".



Velha Berlim Oriental: Museu de Antiguidades. Pessoas aproveitando o sol do verão europeu.



Castelo e jardim em Postdam.




Teto de vidro azul e rosa no Espaço Sony Center: Berlim moderna. Potdammer Platz.