segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Uma crônica paulistana

"O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente"
F.Pessoa

Na tela do computador, aquelas palavras que não queriam sair faziam tempestade no seu pensamento. Aquelas palavras brincavam com suas idéias, perturbavam-no. Ele parecia se nutrir de algo que a maioria desacreditava, mas que fazia-lhe crer ser possível, algo que lhe fazia, enfim, feliz. O quarto vazio, aquelas cortinas que apenas balançavam com a brisa do mundo exterior, pulsante e vivo na maior cidade da América Latina: São Paulo, São Paulo! Um verdadeiro mundo de cores, contrastes, arranha-céus, pessoas, emoções, desde o primeiro minuto. O primeiro minuto em que, com o coração aos saltos, tinha saltado naquela passarela, na plataforma, em direção ao beijo proibido, àquele sorriso e olhos. São Paulo... Nada mais feliz que estar em São Paulo sem estar em São Paulo, mas mergulhado no oceano das cores brancas e lilases daquela casa, ouvindo o dia pulsante e ensolarado lá fora e a profunda quietude do mundo interior, naquele silêncio característico de sua personalidade, o silêncio que quer dizer muitas coisas. Mas não dizia. Ich bin wirklich glücklich, pensava em alemão. Precisava desabafar, então decidiu ouvir música. Um som antigo, típico da década de 80, relembrava a música já quase esquecida do A-ha, You’re the one, naqueles versos, que teimavam em repetir, I do love you... If you leave me, I’ll understand... Se lembrou que um dia, em outra situação, em outro quarto, em um silêncio outro, também tinha ouvido esta música, não porque era especialmente bela, mas porque era simplesmente especial também sabê-la de cor: “Eu realmente te amo, mas se você me deixar, eu vou entender”... As cortinas balançavam de leve, o coração quase descompassado se perguntava, será que vou entender? Queria dizer mais do que aquela música dizia... Mas um som exterior já anunciava que alguém voltava, alguns ruídos já faziam perceber aqueles passos firmes no corredor, e já era possível pressentir a fechadura da casa rangendo e se abrindo. Mas, dessa vez, não queria que as idéias apenas torturassem a sua consciência, mas também se traduzissem em palavras, ainda que muito fortes parecessem (“fortes para os corações fracos”, se lembrou). Em frente à tela branca do computador, quase sem serem ouvidas com aquelas músicas que, altas, alegravam a sala, enfim as palavras saíram, a ponto de serem sentidas por quem estava já de pé ao lado, chegando do mundo pulsante das ruas paulistanas: Eu te amo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Superman

Naquele recanto, só meu,
Meu amor dissimula
Diz-me palavras impossíveis.

Naquele recanto, o teu,
Teu sorriso é música
Faz-me crer que o irreal existe.

Naquele recanto, do meu
Coração, que perdura
Uma leveza e graça resiste.

Preciso dizer que esse canto
Heróico e bravo de tua voz
Ressoa em minha alma sensível
Faz-me sentir protegido.

Queria te oferecer este recanto
No qual o que é meu é também teu
Onde o amor, enfim, é possível
Onde o sonho é tão parte da vida.

***


Super-Homem: O Retorno - Superman Returns
Estados Unidos - 2006
154 min - Ação/Aventura - 12 anos
Kevin Spacey (Super-homem), Kate Bosworth (Lois Lane), Bryan Singer (Realização), Bryan Singer (Argumento)
http://www.superhomem-regresso.com.pt
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