sexta-feira, 7 de março de 2008

Fotografando o invisível



“Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.”

Para o Pequeno Príncipe, todas as rosas do mundo, por mais perfumadas ou belas que fossem, eram apenas rosas, vazias e mortais, simples e triviais como as outras. A rosa mais importante não era aquela que se destacava pela beleza excepcional, ou pelo perfume mais encantador, a rosa mais essencial era aquela que ele mesmo tinha visto crescer, aquela que ele mesmo cuidou com suas mãos pequenas, aquela que ele ouviu, regou, protegeu. A rosa solitária da redoma de vidro era única e mais importante de todas, simplesmente porque era o resultado do seu amor.
Mas nem sempre o Príncipe sabia disso. Ele precisou passar por um longo caminho até descobrir o significado do que sentia pela rosa. Ele precisou que a Raposa lhe mostrasse, pela comparação com as outras belezas do mundo, o significado do que era cativar.

“- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu dediquei à minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...”

Assim é a vida. Como dizia uma amiga, muitos passam em nossas vidas como cometas de luz passageira, encantam e logo depois desaparecem na escuridão do firmamento. Outros são como cometas Halley, são raríssimos, são daqueles que costumamos conhecer poucas vezes na vida. São como a Rosa do Pequeno Príncipe: única e inesquecível. Mas é preciso coragem e dedicação, para cuidar, regar, proteger, cativar; para, enfim, fazer crescer robusta a raiz desse sentimento igualmente raro, que é o amor. Seremos sempre responsáveis uns pelos outros.

Assim é a vida... Além da folhagem que emoldura a fotografia acima, existe uma representação do infinito, lá no alto onde o céu não se acaba. Perdidos no azul da imensidão do universo, lá do alto observamos a Terra, e, se olharmos com calma, nos veremos ali: deitados na grama, pensando que a vida é bela e que, afinal, fomos premiados porque um dia nossos olhos se cruzaram. Espelhada em nossos olhos, temos a imagem um do outro. Somos totalmente felizes por um tempo, mas é preciso cuidar, para que a fotografia não se torne apenas uma lembrança de um dia feliz.

Não me cansarei olhar esta fotografia, para enxergar com o coração o sentido que ela tem ou poderá ter. Sim, com o coração, pois o essencial é invisível aos olhos.

6 comentários:

Unknown disse...

e pensar que dizem que o acaso nao existe, mas nos conhecemos por acaso e numa situacao nao muito comum... felizmente um halley em minha vida...

e assim continua sendo, longe talvez, porem perto... seja na lembranca, no coracao...

belo texto/reflexao fabius

Iceberg disse...

"O essencial é invisível aos olhos". Será que você sabe pq essa frase é tão especial para mim, Fábio?... Acertou na mosca!

E engraçado: outro dia mesmo, estava "fazendo raiva" na "margarida" (aquela mesma, A-Que-Tem-Fome) ao conversar sobre o quão belas são as rosas. Aquelas que são até aveludadas, sabe...

Bom texto :-)

Diego Souza disse...

Fabio,nem preciso dizer que amo essa frase: "O essencial é invisível aos olhos" Saint-Exupéry

ela faz pensar...refletir...
ela nos faz entender que nem tudo que temos precisamos ver,nem sempre temos que ver para crer!

atribui ela na vida num momento de algumas mudanças,não conseguia entende o por que estava passando por uma certa situação que não era noramal,prá um ser humano nornal..
bom planejei algumas mudanças,quebrei um paradigma ordinário antigo..aff

Felizmente obtive sucesso! por que por segundos a grandeza me mostrou o essencial,que muito rápido se perdeu na excelência do infinito, isso é deixei de ser o melhor para um modo de pensar muito monótomo, e agora sou o melhor pra mim mesmo...

PARA OS CURIOSOS OU AQUELES QUE TENTAM VER ALEM DA REALIDADE: "TODOS NÓS TEMOS,PREVILÉGIO QUE POUCOS APROVEITAM,TEMOS O PODER DE TRANSMUTAR COISAS,ENTÃO POR QUE NÃO TRANSMUTAMOS O ESSENCIAL? SERA QUE É POR FALTA DE TÉCNCA? A RESPOSTA É NÃO.
-O SEGREDO ESTÁ EM TREINAR O QUE POSSUIMOS MAS NÃO USAMOS.

QUANDO APLICAMOS O SEGREDO,PASSAMOS A VER COISAS QUE É INVISÍVEL AOS OLHOS HUMANOS, EX: "PODEMOS VER O ESSENCIAL,OU TRNSMUTARMOS ELE EM VISÍVEL".

Alê disse...

Perfeito meu querido! A comparação com a obra de Saint-Exupéry foi muito feliz. É como se estivesse casando as histórias...
E que plantemos ou cuidemos da rosa que nosso coração pede...

Unknown disse...

Lindo. Necessário, sempre, nos acordarmos de que "o essencial é invisível aos olhos". Justo aos olhos, cujo sentido tem nos deixado cada dia mais viciado e mal acostumados nesse poluído mundo atual. Onde esquecemos o tato, por exemplo, que nos proporciona a sensibilidade? Ou o olfato, para sentirmos cheiro de coisa errada no ar. A visão, o mais automático de todos os sentidos, tão enganosa e traiçoeira...

Engraçado você utilizar a metáfora do Halley. Sempre pensei em algo como eu, dentro de um trem, avistando da janela as pessoas acenando e/ou passando pelo lado de fora e naquelas que embarcam comigo na jornada nas estações que as vezes páro... Bonito o cometa, gostei.

Lerei mais textos e reflexões.

Anne Barreto disse...

Mais uma vez... me encontro em suas palavras...
(Suspiros...)